Achar um romance histórico que preste é complicado. A
grande maioria ou é um macho show de espadas, guerreiros e intrigas, ou é um
mimimi de donzelas em vestidos esvoaçantes percorrendo castelos em busca do
amor. Em ambos os casos muito sexo é impressindível. Tendo isto em mente, Company
of liars não deixa de ser uma boa surpresa: uma mistura de roadtrip
mediaval, com uma pitada de O caso dos sete negrinhos, um punhado de
sobrenatural e mais do que um aceno para Chaucer.
Passado na Inglaterra medieval, durante a chegada da
primeira Peste Negra, Company of Liars segue um grupo de 9 pessoas, que se juntaram para ter proteção
nas estradas enquanto viajam pelo país, tentando ganhar a vida e fugir da
Peste. O narrador Camelot, um mascate especializado em itens religiosos, Os
musicos Rodrigo e Jofrei, O mágico Zophiel, o pintor Osmond e sua mulher
grávida, Adela, o contador de histórias Cygnus, a curandeira Pleasance e a
sinistra Narigorm, uma jovem albina vidente, de 12 anos.
Existe um sensação de ameaça que permeia o
livro, mas ele não tem grandes eventos. Boa parte da tensão é proporcionada
pelos atritos que vão surgindo entre os personagens e uma das grandes
motivações para continuar lendo é descobrir qual é o grande segredo (ou a mentira do título) de cada um
dos viajantes. Eu gostei de ter um ponto de vista pebleu da idade média e
sempre há um prazer voyeur em acompanhar personagens normais cuidadando de seus
dia a dias em um outro momento histórico. Porém, a reconstrução de época não
foi tão bem cuidada quanto eu esperava e, em mais de um momento, até eu, com um
conhecimento no máximo anedotico na idade média disse balela.
A questão do sobrenatural é um item interessante, e eu
adoraria se a Narigorm fosse mais malevolente, ou com propósitos mais claros,
ou mais inocente porém incapaz de controlar seus poderes e impulsos. Sei lá,
praticamente qualquer coisa menos a maneira como ela foi retratada.
No final na escala seriedade é leitura de praia média,
O que não quer dizer que seja ruim. É envolvente e dá vontade de chegar
no final. E depois você esquece.
Ainda sem tradução no Brasil.
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