sexta-feira, 11 de maio de 2012

Company of Liars, Karen Maitland


 

Achar um romance histórico que preste é complicado. A grande maioria ou é um macho show de espadas, guerreiros e intrigas, ou é um mimimi de donzelas em vestidos esvoaçantes percorrendo castelos em busca do amor. Em ambos os casos muito sexo é impressindível. Tendo isto em mente, Company of liars não deixa de ser uma boa surpresa: uma mistura de roadtrip mediaval, com uma pitada de O caso dos sete negrinhos, um punhado de sobrenatural e mais do que um aceno para Chaucer. 

Passado na Inglaterra medieval, durante a chegada da primeira Peste Negra, Company of Liars segue um grupo de  9 pessoas, que se juntaram para ter proteção nas estradas enquanto viajam pelo país, tentando ganhar a vida e fugir da Peste. O narrador Camelot, um mascate especializado em itens religiosos, Os musicos Rodrigo e Jofrei, O mágico Zophiel, o pintor Osmond e sua mulher grávida, Adela, o contador de histórias Cygnus, a curandeira Pleasance e a sinistra Narigorm, uma jovem albina vidente, de 12 anos.

Existe um sensação de ameaça que permeia o livro, mas ele não tem grandes eventos. Boa parte da tensão é proporcionada pelos atritos que vão surgindo entre os personagens e uma das grandes motivações para continuar lendo é descobrir qual é o grande segredo (ou a mentira do título) de cada um dos viajantes. Eu gostei de ter um ponto de vista pebleu da idade média e sempre há um prazer voyeur em acompanhar personagens normais cuidadando de seus dia a dias em um outro momento histórico. Porém, a reconstrução de época não foi tão bem cuidada quanto eu esperava e, em mais de um momento, até eu, com um conhecimento no máximo anedotico na idade média disse balela. 

A questão do sobrenatural é um item interessante, e eu adoraria se a Narigorm fosse mais malevolente, ou com propósitos mais claros, ou mais inocente porém incapaz de controlar seus poderes e impulsos. Sei lá, praticamente qualquer coisa menos a maneira como ela foi retratada.

No final na escala seriedade é leitura de praia média, O que não quer dizer que seja ruim.  É envolvente e dá vontade de chegar no final. E depois você esquece.


Ainda sem tradução no Brasil.

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